
O chapitô de 32 metros de altura e 52 de diâmetro, em forma de esfera, que foi instalado no Centro Cultural de Belém, mesmo visto de longe, já incitava a vontade de entrar e descobrir o interior daquela invulgar estrutura.
Logo à entrada, vive-se, por segundos, uma aventura: tem de se empurrar dois toldos laterais que parecem querer esmagar quem se arrisca a transpô-los. Ao mesmo tempo, um inesperado vento sopra com intensidade, parecendo empurrar para trás quem quer entrar. Solução? Dá-se força ao corpo e… que fácil, já estamos lá dentro!
O espaço é escuro e os suaves focos de luz vindos do topo da esfera lá indicam as chaises longues – umas cadeiras nada convencionais que permitem à assistência ver este espectáculo, que decorre a uns 12 metros do chão, quase deitada.
O espaço é escuro e os suaves focos de luz vindos do topo da esfera lá indicam as chaises longues – umas cadeiras nada convencionais que permitem à assistência ver este espectáculo, que decorre a uns 12 metros do chão, quase deitada.
As luzes apagam-se totalmente, ouve-se o ruído das pessoas que trepam as estruturas de ferro e, quando os focos voltam a iluminar a esfera, já 17 trapezistas e cinco músicos se encontram bem alto, para desafiar a lei da gravidade.
Ola Kala, que traduzido do grego significa «Está tudo bem», é um espectáculo que transforma o trapézio numa nova forma de arte. No ar, os corpos dos trapezistas flutuam e dançam ao som de vozes femininas, ritmos electrónicos, violinos e violoncelos tocados pelos cinco músicos que também desafiam as alturas.
Ao longo do espectáculo, são muitas as vezes em que a sensação de que aqueles corpos estão a voar nos invade. A iluminação, com jogos de sombras, efeitos de aproximação e afastamento, ajuda a criar esta ilusão de que as pessoas também voam. Mas, quando a sombra se abre e os artistas se tornam mais visíveis, sentimos o coração aos saltos, como se fossemos nós a arriscar todas aquelas acrobacias.
Os corpos misturam-se, servem de amarra uns aos outros e abismamo-nos com aquela capacidade de nunca se deixarem cair, por mais ousadas que sejam as cambalhotas que se dão em cima do…ar!
As imagens e os sons substituem as palavras. A vertigem e a emoção prendem a atenção da assistência a cada movimento que nunca é igual a outro. De repente, parece que os corpos se transformam em figuras aéreas, voando em torno de um espaço muito peculiar – um grande trapézio em forma de cruz com vários eixos e deslocações.
A componente estética, marca dominante do Ola kala, está presente nos delicados movimentos dos artistas que não saltam, mas flutuam; não dançam, mas bailam; não caem, mas parecem ter o prazer da queda, a tentação de arriscar e vencer o medo de voar.
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