quinta-feira, 29 de maio de 2008

Estado de Espírito

Farta de Esperar.
Farta de Esperar.
Farta de Esperar.
Tenho dito!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sugestão cultural: entrada gratuita

30 Mai' 08 a 31 Mai' 08 CINEMA

“ENTRE MUNDOS”
No âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, I.P. (ACIDI, I.P.) promove, nos dias 30 e 31 de Maio, no Cinema S. Jorge, uma Mostra de Filmes sobre o Diálogo Intercultural. “ENTRE MUNDOS” foi o nome escolhido para esta mostra que pretende aprofundar, através do cinema, o trabalho de sensibilização ao nível da cidadania sobre a importância e os efeitos positivos da convivência na diversidade cultural.


“Os filmes impuseram-se pela pluralidade de olhares, pelo registo da diversidade de culturas em movimento convergente e pela heterogeneidade da natureza das relações dos seus autores com o Cinema. Um motivo integrador? A humanização do Eu e do Outro, olhando e sendo vistos em circunstância.” (Maria do Carmo Piçarra, Programadora da Mostra “ENTRE MUNDOS”)

Programa
Sexta, 30 de Maio
18h00 – Sessão de abertura

META-FORA, 19’, Colectivo do Cinema Pobre da Praia, 2006
LUSOFONIA, A ®EVOLUÇÃO, 60’, Red Music Academy, 2006

20h00 – RETRATOS, 29’, Luisa Homem, F. Calouste Gulbenkian
AFRO-LISBOA, 60’, Ariel de Bigault, SP Filmes, 1996

22h00 – B’LEZA, 45’, Rui da Silva e Victor Pires, 2007
KUDURO, FOGO NO MUSEKE, 50’, Jorge António, LX Filmes, 2008

Sábado, 31 de Maio
17h00 – “CURTAS” COVA DA MOURA, 35’, Até ao Fim do Mundo, 2008

CIDADE DE OURO, 60’, Andrey Romashov, 2008

18H45 – Debate “O CINEMA ENTRE MUNDOS” (Sala 3)

20h00 – A CONVERSA DOS OUTROS, 22’, Nuno Lisboa e Constantino Martins, 2005 ENTRE MUROS, 75’, José Filipe Costa e João Ribeiro, Laranja Azul, 2003

22h00 – O ESTADO DO MUNDO, 90’, Apichatpong Weerasethakul, Vicente Ferraz, Ayisha Abraham, Wang Bing, Pedro Costa, Chantal Akerman, F. Calouste Gulbenkian, 2007

Projecção Permanente (Foyer do S. Jorge): ENTRE NÓS, 12x3’, Ciclo de doze filmes realizados por André Godinho, Pedro Paiva, Fausto Cardoso, Tiago Afonso, Sérgio Tréfaut, Catarina Alves Costa, José Filipe Costa, Cátia Salgueiro, André Príncipe, Miguel Nogueira, Joana Neves, Leonor Noivo, Fundação Calouste Gulbenkian/Fórum Gulbenkian Imigração, 2006

A entrada é gratuita e os bilhetes poderão ser levantados no próprio dia, na bilheteira do Cinema S. Jorge, entre as 13h00 e as 22h00.

Local: Cinema S. Jorge (Salas 2 e 3), Lisboa 30 e 31 de Maio de 2008
Das 18h00 às 22h00

Mais informações em www.aedi2008.pt

sexta-feira, 23 de maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sobre príncipes encantados...

"Não vêm montados em cavalos brancos, a empunhar espadas e a prometer a morte dos dragões. Vêm por nós. Vêm para nós. Só precisamos de prestar atenção.

O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Se ficou sem consorte no dia de S. Valentim não desespere. Faça como uma amiga minha que quando sai do carro, retoca o baton e diz com uma convicção demolidora «o Príncipe pode estar em qualquer lado».E pode mesmo. É uma questão de fé, arbitrária e alietória, mas pode acontecer. Até porque nós, os extraordinários, somos poucos, mas andamos por aí. Isto é o que diz outro amigo meu que é mesmo extraordinário e já encontrou a pessoa certa, pelo menos por agora. Foi ele que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa.

A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura paixão ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem.

Os Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego porque sabem que no futuro levar-nos-ão à Tour d'Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo apaga. Podem parecer menos empenhados ou sinceros que os antecessores, mas o que chamamos hesitação ou timidez talvez seja uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.

O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol durante a noite para não nos constiparmos e se levanta às três da manhã para nos fazer um chá quando nos dói a garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor. É o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é o que passa, de vez em quando, férias com os amigos.

O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado; é o marido mais porreiro. Não é o que olha para nós todos os dias, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja lugar para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite, porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos e vai à padaria num feriado.

O Príncipe é Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e faz-nos sentir importantes. Claro que com tantos sapos, bem vestidos e cheios de conversa, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de viver é saber que um dia tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois é deixa-lo ficar... e se for mesmo ele, fica."

Margarida Rebelo Pinto

A escritora é considerada light, mas talvez por isso consegue contar o dia a dia do amor feito para durar..

sábado, 17 de maio de 2008

Sergio Godinho - Primeiro Dia

«E é então que amigos nos oferecem leito,
entra-se cansado e sai-se refeito,luta-se por tudo o que se leva a peito...» Este grande senhor, com quem já tive o privilégio de falar, tem razão. E é isso que, ao longo de dois anos, nós temos proporcionado umas às outras - «leito». Temos sido a família umas das outras nesta cidade.
Já nos aguentámos há dois anos, caraças!Faz exactamente neste mês. Por isso, vamos festejar!Já sabem, para a semana, há jantarada entre as maravilhosas mulheres do 11.º Lumiar:)

Adoro toda a letra, mas a negrito está o trecho que mais me diz!

A princípio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se se alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vem cansaços e o corpo frequeja
molha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se duvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Entretanto o tempo fez cinza da brasa
outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

sábado, 10 de maio de 2008

Em defesa da Língua Portuguesa

Temos desde o dia 2 de Maio a possibilidade de assinar um manifesto/petição contra o acordo ortográfico aqui.
São quatro os motivos apresentados pelos signatários:
"1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.

2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado), e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.

3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em “acordos” mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.

4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes “mudas” – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).
Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania."
Eu já assinei.